Cuidado, elas vão invadir a sua praia.

Bom dia à todos! Gostaria de agradecer a todas as pessoas que gentilmente responderam às minhas perguntas e de avisar que, como o material que chegou a mim estava excelente, eu vou precisar de mais alguns dias para aproveitá-lo ao máximo. Mas podem esperar por uma matéria muito rica na semana que vem.

Hoje vou falar sobre um esporte que vem fazendo muito sucesso no Rio de Janeiro e que cada vez mais conta com a presença de mulheres, embora ainda esteja contaminado pelo preconceito.

Altinha
No Rio de Janeiro, o jogo da Altinha é moda já tem tempo.  Reunidas em uma rodinha, quatro pessoas (normalmente) têm que tentar manter a bola no ar, usando apenas partes do corpo autorizadas no futebol - mãos e braços não são autorizados.

As rodinhas, que no início eram compostas apenas por marmanjos, hoje estão cada vez mais femininas. É não são mulheres que entram para brincar não. As mulheres que jogam altinha (em sua maioria) entram para jogar sério. Com muito estilo e domínio, elas vêm conquistando o espaço delas nas praias cariocas e chamando atenção de muita gente.

O estudante de design Marcelo Lamarca viu a popularidade da altinha entre mulheres crescer cada vez mais e decidiu aproveitar a idéia. No final de 2010, ele entrou em contato com a Red Bull e com a Roxy e decidiu fazer um campeonato só para mulheres: o Red Bull Roda de Bola, onde só seriam autorizadas rodas compostas exclusivamente por mulheres. A forma de avaliação foi a seguinte: três jurados avaliariam o estilo, tempo de bola no ar e criatividade das oito equipes integrantes.

Veja abaixo uma matéria feita pelo TV Lance HD no dia do evento:

Como deu para perceber, o campeonato foi um sucesso, ultrapassando o número esperado de inscritas. Lamarca diz que se surpreendeu com a qualidade e estilo apresentados durante a competição, e de acordo com ele, ele não foi o único.

As jogadas impressionaram muito o público que passava na orla da praia de Ipanema, hoje em dia as meninas jogam praticamente no mesmo nível que os homens.

Mas é com este ¨praticamente¨ aí que eu vou ter que discordar. Não só têm meninas que jogam no mesmo nível dos homens, como têm meninas que deixam muito marmanjo no chinelo. Mas este é um problema que existe em todas as categorias relativas ao futebol, pelo que eu penso. ¨Você joga que nem homem¨ é uma das frases com a qual eu mais me irrito. O objetivo de nenhuma mulher é jogar que nem homem, mas sim jogar muito bem e fazer a sua parte.

Renata Dannemann no campeonato Roda de Bola

Voltando à altinha. Presente nas rodas de altinha cariocas desde 2008, a aluna de engenharia da PUC-Rio Renata Dannemann foi uma das participantes do campeonato. Ela, que ficou em terceiro lugar com a equipe Leblon (as equipes foram batizadas com nomes de praias famosas do Rio de Janeiro) comentou que tem rodinha de mulheres que flui muito mais do que as rodinhas dos homens.

Eu mesma tenho amigas que jogam, e fazemos rodas só de meninas.. Sai um jogo melhor do que de muitos homens.

 E quem dera esta ser a única forma de demonstrar o preconceito que os homens tem com mulheres que jogam altinha, e futebol em geral. Outra praticante do esporte, a aluna de ciências sociais da UFRJ Anna Levy diz que não entra em rodinha que tenham meninos desconhecidos, pois eles ignoram a sua presença.

Ja joguei na roda de um amigo meu com os amigos dele e eles não tocam muito pra você, não cortam achando que você não vai pegar...eles excluem mesmo.

Isto porque a Anna já joga altinha há mais ou menos três anos,  tem domínio e habilidade. Eles não tocam unica e exclusivamente pelo fato dela ser mulher. Agora imagina as meninas que querem aprender a jogar. Assim como os homens não aceitam a presença de mulheres que joguem mal em seus times de futebol, nas rodas de altinha é a mesma coisa. A solução é treinar com as mulheres.

A rodinha que eu jogo é só de mulher.  Bom para acabar com esses preconceitos de que mulher não sabe jogar e é bom também porque isso faz com que mais meninas venham pra praia e joguem, porque antes era dificil. Se você não conhecia um menino que jogasse era complicado entrar numa roda aleatória. A maioria das meninas não se sente bem jogando com homens que elas não conhecem - explica Anna.

Mas este cenário é outro que vem sendo mudado, e em breve essa diferenciação entre sexos vai acabar. Ocorreu na semana passada o PUC Surf, que teve como uma de suas modalidades deste ano a altinha. Apenas altinhas mistas seriam aceitas na competição e mais uma ve  as meninas deram um show.
Vamos torcer para que competiçoes que envolvam o futebol feminino e seus derivados continuem crescendo assim. Tenham um bom final de semana!